Hoje quero ser Random
Posso? A sério? Ok. Este sou eu:
Como podem ver sou uma pessoa muito pacata que gosta de viver a sua vida muito lentamente. Ontem bateram à porta de cá de casa e eu abri e estava lá este senhor:
Eu disse: -"Ei! Olha um senhor!"
Ele: -"Oh! Um senhor?! O SENHOR!"
-"Pronto. Diga lá ó "o senhor", que quer de mim?"
-"Era uma esmolinha pá. Está tudo muito morto por aqui..."
-"Deves julgar que eu sou rico!"
-"Ah! És mas é uma grandessíssima avestruz!"
-"Quer dizer, não dou esmola e tenho direito a insulto? Olha que eu chamo o meu irmão mais grande!"
-"Ah é? E eu chamo o meu pai!"
-"Oh! Quero ver isso!"
E apareceu um senhor assim:
Ele disse logo: -"Senhor narrador! Faça o favor de corrigir o que disse!"
Er... Ok... E apareceu O Senhor! assim:
-"Assim estamos bem! Sim senhor! Estava a ver que ninguém reconhecia O Senhor!"
-Eu disse: " O Senhorio? ONDE? ONDE?"
-"Ai jesus..."
Tipo que me tinha batido à porta: -"Sim pai?"
-"Porra! Estava a falar comigo! Está bem?"
-"Sim, mas eu sou tu, tu és eu e ambos somos o espírito santo!"
-"Ainda te acreditas nisso? Porra que és casmurro! Se calhar ainda acreditas no Pai Natal!"
-"Até parece que ele não existe!"
Eu intervi: -"Epá, é melhor não falarem mal do Pai Natal nas costas! Ele se sabe..."
Era tarde demais. Miguel teria acabado de dizer a frase não fora o aparecimento espetacular do Velhinho de Vestes Vermelhas. Chamas ardiam por trás dele. Era um indivíduo que quando queria aparecer numa história fazia-lo sempre em grande.
Tinha rugas que contavam histórias de anos de frustração. Lembrava-se de quando era criança e não recebeu prendas no Natal. Já lá iam 2007 anos mas recordava-se de todos os dias da sua vida em que não recebeu prendas no Natal. Depois nasceu o tipo que me tinha batido à porta e como castigo proporcionou-lhe vida eterna. Sem saber o que fazer, decidiu proporcionar às crianças aquilo que nunca teve. 2007 anos sem descansar. 2007 anos sem ter tempo para respirar. 2007 anos com uma população a crescer a cada ano que passava. 2007 anos de comer bolachinhas e leitinho e uma feijoada quando chegava a casa. Todos os anos pedia para que não fosse feijoada mas a Mãe Natal replicava: "Só tens de entregar prendas a todo o mundo! Imagina se também houvesse crianças em Marte! Isso sim era problemático!". É o fim. Pai Natal introduziu-se: "Hey sacanas! Estão à espera de quê para me matar? Já cumpri mais de 2000 anos ao serviço da vossa fantochada!"
Eu não me conseguia acreditar. Na verdade havia um pacto entre o Pai Natal, o tipo que me bateu à porta e O Senhor. Isto estava a ir longe demais. Enterrei a cabeça. Descubri que ainda estava dentro de casa e dei uma cabeçada no soalho. Momento doloroso esse. Mais doloroso foi para o tipo que estava à minha porta:
Milhares de pequenos anões que pareciam marcianos acabavam de invadir o espaço privado dele. Parecia que se afogava no meio do suor frustrado de dois mil anos a construir peças de felicidade que só os levou à tristeza.
O Pai Natal estava feliz. Virou-se para O Senhor Que Olhava Palidamente Para O Seu Filho a Esvair-Se Em Sangue E Disse-Lhe:
-"Ouve-me bem! Hoje é o teu filho! Amanhã és tu! Depois é o mundo! Ouviste!?"
-"Ouve lá... Então o mundo é mais difícil de conquistar que eu?"
-"Realmente tens razão. Hoje o Teu Filho, amanhã O Mundo e depois de amanhã podes ser tu!"
-"Boa! Vou desmarcar a reunião que marquei com o espírito Santo!"
-"Ah! Mas tu e ele não são o mesmo?"
-"Oh Pai Natal! Não me digas que também acreditas nisso! Era isso e acreditares no Coelhinho da Páscoa!"
...
E tudo se repetiu outra vez.
Sim, estou deprimido...
Ou seja, fiz algo deprimente porque estou deprimido. Got it?
Good byes!